Tenho acompanhado a construção da nova ponte ao lado da Irmãos Rebouças/Mirante. Cada vez que passo por ali, não consigo deixar de fazer minhas conjecturas a respeito. Nenhuma delas me convence do fato de a mesma ter que ser estaiada.
A necessidade de construção da ponte não se discute, isso já vinha indicado no Plano Diretor de Mobilidade de 2004, criado na administração Jose Machado e herdado pela de Barjas Negri, que viabilizou muitas das proposituras indicadas.
Será que é uma necessidade técnica? Não acredito, pois nos lances inicial e final utilizou-se uma estrutura convencional, com muitos apoios e pequenos vãos. Tendo o basalto do leito do rio como base e fundações rasas, buscou-se a solução mais econômica.
Porque então adotar no vão central, tão pequeno, uma solução cara e de alta tecnologia, que normalmente é adotada para grandes vãos e situações extremamente adversas? Alias, depois da ponte estaiada de Santa Terezinha, sobre o Corumbataí, fica muito difícil achar alguma justificativa plausível para algumas obras.
Por falar em alta tecnologia cabe aqui um parêntese. Ver a construção de uma ponte estaiada, tecnologia de ponta, com aquele paliteiro de eucaliptos é minimamente curioso.
Continuando com minhas conjecturas.
Será que faltaram interlocutores capacitados para questionar os projetistas na adoção de uma solução inadequada? Será que a construtora, que tem sido parceira constante desta administração na construção das pontes e viadutos, necessitaria disso no seu currículo para se capacitar a participar de outras licitações? Será uma necessidade estabelecida por um Plano Turístico para a cidade? Será uma indicação do Piracicaba 2010? Será que é para marcar a imagem desta administração como a que criou o maior numero de pontes e ainda por cima duas delas estaiadas, e ai, não importam o vão e nem seu custo?
Esta ultima para mim por enquanto é a mais plausível e aguardo quem possa me fornecer uma justificativa melhor.
Poderíamos comparar, por exemplo, com a passarela pênsil, técnica adotada para interligar o Engenho Central à Avenida Beira Rio. Nessa, a leitura e as justificativas são muito fáceis de serem feitas.
Outro ponto controverso e injustificável é o mirante com elevador panorâmico, etc, etc, etc, neste local. Com a dificuldade do acesso, passarelas para pedestres estreitas, distância do provável estacionamento, infra-estrutura física para funcionamento, custo de manutenção, estrutura funcional permanente, o que se espera ganhar com isso? Qual a relação de custo benefício que a cidade terá?
Provavelmente, ninguém desta administração leu o diagnóstico para o Projeto Beira Rio elaborado por Arlindo Stefani em 2002 e o seu Plano de Ação Estruturador de 2003 que indicavam do lado oeste da ponte Irmãos Rebouças uma passarela com largura generosa para passagem de pedestres e principalmente para contemplação do rio e da vista. Isso sim seria uma obra cidadã.
Egidio Simoni – arquiteto e urbanista